sábado, 16 de abril de 2011

Voyna

O grupo de grafiteiros russos Voyna recebeu o prêmio à Inovação concedido pelo Ministério da Cultura da Rússia pelo desenho de um pênis em uma ponte levadiça de São Petersburgo.
O ideólogo do grupo, Alexei Plucher-Sarno, ressaltou nesta sexta-feira em seu site que o júri de especialistas e críticos de arte havia decidido unanimemente conceder o prêmio ao Voyna, segundo as agências russas.
Além do prêmio propriamente dito, criado pelo Centro de Arte Moderna, os grafiteiros receberão 400 mil rublos (US$ 13 mil). O grupo acusou o Ministério da Cultura de tentar excluí-los da lista de candidatos por apresentarem uma obra artística transgressora e crítica com a "ordem estabelecida".
Por outro lado, a porta-voz do ministério, Natalia Uvarova, apontou que a pasta "não é um órgão censor que revoga as decisões tomadas por profissionais", segundo a agência oficial RIA Novosti. "O direito de escolher os candidatos é prerrogativa de especialistas e o ministério não pode influir de nenhuma maneira nesse processo", disse.

Organizações religiosas próximas à Igreja Ortodoxa criticaram a concessão de um prêmio financiado com dinheiro do Estado russo ao Voyna. Em 14 de julho de 2010, nove grafiteiros do grupo desenharam em um tempo recorde de 23 segundos um pênis com tinta fosforescente na ponte sobre o rio Neva antes que fosse levantada para dar passagem a navios de grande porte. Clique aqui para ver o grafite.
A imagem, observada por inúmeros turistas, permaneceu erguida no céu da cidade durante duas horas, antes de as autoridades desceram a ponte e apagarem a obra. O desenho do pênis pode ter sido o trabalho mais badalado internacionalmente do grupo, mas o mais apreciado pelos russos foi a campanha dos cubos azuis, com a qual o Voyna queria denunciar o abuso no uso das sirenes oficiais por parte dos burocratas.
Além disso, o grupo também ridicularizou o governo ao desenhar uma caveira na sede do Executivo com raios laser. "Arte e política não podem mais ser separadas na Rússia. A arte só pode ser livre e política. Se você é um artista honesto, não pode se calar quando ao redor está se recriando um inferno policial", afirmou Oleg Vorotnikov, fundador do Voyna.
Para denunciar a xenofobia e o racismo no país, os artistas organizaram uma performance em uma rede de supermercados na qual os empregados imigrantes caucasianos e centro-asiáticos apareciam enforcados nas estantes.
Após quase quatro meses em prisão preventiva à espera de julgamento, os ativistas foram libertados graças aos 300 mil rublos (US$ 10 mil) pagos pelo mais famoso e misterioso grafiteiro do planeta, o britânico Banksy.

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