quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Rafael Albuquerque, Mais um Brasileiro que Ganhou o Eisner em 2010

Quem acompanha a conta no Twitter do quadrinista gaúcho Rafael Albuquerque, 29, sabe o suspense pelo qual ele passou à espera do anúncio dos vencedores dos Eisner Awards.
Por Diogo Bercito
"Nervoso! Desejem-me sorte", escreveu. Depois, "Tô na mesinha, apreensivo". Então, a notícia: "Deubrasiiiillll!"
A HQ "Vampiro Americano", ilustrada por ele, venceu o prêmio de melhor série estreante. O gibi "Daytripper", dos também brasileiros Gabriel Bá e Fábio Moon, levou troféu de melhor minissérie.
Nenhum dos prêmios entregues no final de julho foi inesperado, dada a qualidade excepcional dos trabalhos.
Mas os troféus servem de impulso a uma geração de quadrinistas brasileiros que vêm se destacando com obras autorais nos Estados Unidos.
A trajetória de Albuquerque, especificamente, já tinha tido um ponto alto com as ilustrações feitas em "Besouro Azul" (DC Comics), elogiadas pela leveza do traço.
Mas o premiado "Vampiro Americano", com roteiro de Scott Snyder e Stephen King, cativou com o estilo "noir", bastante sombrio e igualmente bem sombreado. A série é publicada no Brasil pela Panini, na coletânea "Vertigo".
"Uma de minhas características que os americanos curtem é a versatilidade", diz Albuquerque à Folha. "Meu trabalho se adapta ao tipo de história que estou fazendo."

Assim, os desenhos coloridos dos gibis do "Besouro Azul", voltados a adolescentes, pouco se parecem com os traços assustadores de "Vampiro Americano" - saga genealógica sobre a evolução dos sanguessugas nos EUA.
"Mas, gosto de pensar que tudo o que faço tem um 'estilo Rafael'", diz. "Você me reconhece em meus desenhos."
"Acredito que no Brasil temos um mercado em expansão, mas não uma indústria. Existem trabalhos, pode se ganhar algum dinheiro com quadrinhos, mas quem faz sabe que é pouco para o trabalho que é publicado. Isto não é culpa das editoras, é apenas um reflexo de quanta HQ se consome no Brasil. Acredito, entretanto, que é uma boa porta de entrada para se fazer HQ, seja lá onde for."
Voltando a falar de ansiedade durante a cerimônia de premiação dos Eisner Awards, o discurso feito pelos gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon completa o Twitter de Albuquerque no testemunho da vitória brasileira nos EUA.
"É incrível, é realmente incrível", afirma Moon, antes de gritar palavrões em português e bater na mesa.
A plateia toda aplaude.


Postado originalmente no site da Folha

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